Pêssegos
Lembrei-me que tinha saudades. Saudades dos pêssegos da casa do meu avô paterno. Do sabor dos pêssegos. Do cheiro deles. De comê-los acabados de apanhar das árvores e sentir o sumo a escorrer-me pela face. Do sol que brilha mais quando somos crianças. Do riso dos meus irmãos e dos meus primos. E do meu avô José Maria. Do seu sorriso.
Passaram tantos anos desde que foste embora... Mas sinto saudade da tua bondade sem igual. Das tuas palavras doces e alegres. E de estares sempre a ensinar-me alguma coisa. Mostravas-me a terra, as árvores, os frutos, mas também os livros.
E porque as saudades não escolhem dias especiais, recordo-te hoje, avô José Maria. Leva-me contigo no trator, para os campos, entre risos e cantigas. Mais tarde, senta-me ao teu colo e deixa-me ouvir as tuas histórias e as tuas adivinhas. Afinal, quem era a tua menina das adivinhas? Era eu, pois claro... E era também segura, além de tremendamente feliz, pois nenhum mal do mundo me afligia perto de ti.
Saudades de um sorriso, eterno no meu coração.
(02/04/2013)