Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Contos e ditos

A escrita é aquilo que eu sou. Por vezes, escrevo contos, outras vezes desabafos, um ou outro texto breve, alguns dias, poemas. Eu encontro-me na prosa, perco-me na poesia. Sempre de um jeito livre, simples e despretensioso, porque eu sou assim.

Contos e ditos

A escrita é aquilo que eu sou. Por vezes, escrevo contos, outras vezes desabafos, um ou outro texto breve, alguns dias, poemas. Eu encontro-me na prosa, perco-me na poesia. Sempre de um jeito livre, simples e despretensioso, porque eu sou assim.

21
Out18

Lágrimas e glitter

Inês Aroso

glitters-1868276_960_720.jpg

O pai abandonou a mãe de Cátia quando esta tinha 4 anos. A mãe conseguiu trabalho num hipermercado, por turnos, e Cátia cresceu sozinha.

Aos 14 anos, perdeu a ingenuidade com um colega da secundária, um rufia de 19 anos, que a seduziu, durante meses, para a levar para a cama e nunca mais lhe falar. Cátia deixou de acreditar nos homens, dos quais procura vingar-se de alguma forma, pela mãe, por ela.

Atualmente com 21 anos, Cátia vive de e para as aparências: especialmente nas redes sociais. Tem que ter sempre o telemóvel mais recente e mais esperto, embora ela deva pouco à inteligência. Não sendo uma aluna brilhante, toda ela é brilhos: nas roupas, nas capas do telemóvel, nos brincos e outros acessórios. De cabelo loiro platinado, veste-se sempre como quem vai para uma festa.

Na verdade, desde que foi para universidade, passa mais tempo em festas do que nas aulas. O sonho dela é ser uma youtuber ou blogger famosa. Experiência não lhe falta, com as fotografias constantes que publica no Facebook e no Instagram, estudando (sim, porque isso ela estuda) as melhores poses, os melhores locais, os melhores ângulos. Sabe tudo sobre famosos, porque é com eles que acha que pode aprender alguma coisa.

Quando se exibe, gosta dos piropos dos homens, porque sente que exerce poder sobre eles. Acha que as mulheres só a criticam por inveja ou ciúmes, pois são umas tolas que acreditam no amor. Em cada selfie, cada filtro, cada “gosto”, cada novo seguidor, ela apazigua as dores do passado e (acha que) constrói um futuro.