Do meu abrigo, com amor!
Não gosto que me vejam triste. Fujo das pessoas que sei que ficarão magoadas por verem que o meu sorriso, por muito genuíno que seja não esconde a tristeza, que se esconde, lá no fundo, no olhar. Evito que me olhem nos olhos. Falo de banalidades, oculto fragilidades. Disfarço a sonolência, o sofrimento e o cansaço. Faço um esforço por parecer eu mesma.
Sim, porque acredito que, debaixo da dor, dos medicamentos, do desânimo, das capacidades diminuídas, estou eu: a guerreira, de coração gigante, teimosa, gulosa, sonhadora, com algum mau-feitio, impulsiva, de lágrima fácil, tanto a chorar como a rir... pois sou uma rainha do drama, mas também do humor!
Não estou no cimo da montanha que me viram escalar, a muito custo, ao longo dos últimos anos. Não estou no fundo, caída, como já estive. Estou num abrigo, algures na subida, a recuperar. Por vezes tenho que descer, para voltar a subir. Nesta dura caminhada, é curioso ver quem vejo passar, quem me evita, quem me acompanha, quem me despreza, quem me dá algum alimento, força e ânimo.
Um dia voltarei ao cume. E sei que lá só encontrarei os verdadeiros amigos. Porque no topo da minha montanha só chega quem dá e recebe amor.