Desfeita
O vento soprou e ela caiu. Desfez-se em pedaços. Aos poucos, com muita paciência, colou os vários pedaços de si mesma, espalhados pelo chão. Uma ou outra peça ficaram fora de lugar. Passaram algumas luas, mas, de novo, a força, daquele vento, que ela não dominava, fê-la voltar a cair. Mas como lhe faltavam peças, foi mais difícil voltar a ser inteira. Pediu ajuda e lá conseguiu reconstruir-se. Desta vez, as frestas deixavam entrar o vento, o frio, a dor, mas também a luz, o calor e o amor. Começou a perceber o vento e desistiu de o tentar controlar ou evitar. Só assim era posssível que ele não a destruísse, de novo. Bastava-lhe saber viver assim, imperfeita. Assumidamente, imperfeita e incompleta.