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Contos e ditos

A escrita é aquilo que eu sou. Por vezes, escrevo contos, outras vezes desabafos, um ou outro texto breve, alguns dias, poemas. Eu encontro-me na prosa, perco-me na poesia. Sempre de um jeito livre, simples e despretensioso, porque eu sou assim.

Contos e ditos

A escrita é aquilo que eu sou. Por vezes, escrevo contos, outras vezes desabafos, um ou outro texto breve, alguns dias, poemas. Eu encontro-me na prosa, perco-me na poesia. Sempre de um jeito livre, simples e despretensioso, porque eu sou assim.

28
Jan18

Isabel e Laurinha

Inês Aroso

Isabel. 52 anos. Cabelos que já foram negros presos numa mola. Calças de ganga herdadas da filha. O seu orgulho. Estudava Enfermagem em Lisboa, na universidade. Havia de ter mais sorte do que a mãe. As vizinhas diziam-lhe que estava enganada. Que nem os "doutores" tinham emprego e iam todos "para fora". A Laurinha dela não, era muito inteligente e despachada. Ia conseguir trabalho sem ter que emigrar como os filhos da prima Luísa e da vizinha Alice.

Os olhos tristes de Isabel fixam o relógio na parede suja e riscada: 11h52. Na repartição pública enfadonha e impessoal, Isabel é apenas mais uma. Naquelas cadeiras, à espera, fala-se pouco. Há um silêncio pesado. As mãos ásperas de Isabel agarram a pasta com os relatórios médicos. Como se ali estivesse uma fortuna.

Finalmente, chamam o seu nome. O que se passou lá dentro não se consegue lembrar durante dias. Mas Isabel sai do gabinete lavada em lágrimas. Perdera o direito ao subsídio de doença. Do que viveria agora se não conseguia trabalhar desde que a maldita doença a impedia de mexer as mãos com firmeza? Não conseguia trabalhar nas máquinas de costura da fábrica onde esteve por mais de 20 anos. Como arranjaria outro emprego com o 6º ano e aquela idade? Pior do que isso: como ajudaria Laurinha com o curso? Chora. Uma pequena que deveria ter a idade da filha estende-lhe um lenço de papel para limpar as lágrimas. Agradece e lembra-se de Laurinha. E chora. Toda a tristeza do mundo desce sobre ela. 

Sai cabisbaixa. A pensar na sua vida. A pensar na filha:

- "Mãe... Que cara é essa?", ouve.

Parece-lhe a voz de Laurinha, mas não pode ser, é quinta-feira, está nas aulas, só volta na sexta, no comboio das cinco. Mas olha e vê: é ela!

- "Laurinha, que estás aqui a fazer, não devias estar nas aulas?", pergunta, tentando que os olhos húmidos e inchados não a denunciem.

-"Achas que te ia deixar vir aqui sozinha? A Cláudia ajuda-me nas aulas de hoje, não te preocupes. Como correu?", pergunta.

- "Mal... Não consegui, filha... Desculpa", e as lágrimas teimosas, caíram.

- "Deixa lá, tudo se resolve. Eu consegui um trabalho na biblioteca da universidade. Posso estudar e ainda me pagam, já viste que sorte?", e riu-se, abraçando a mãe.

Um sorriso suavizou o rosto de Isabel. Tinha feito muita coisa mal na vida: deixara os estudos cedo, para casar com o imbecil do pai da Laurinha, não lutara por um emprego melhor, não cuidara de si, mas numa coisa tinha acertado. Criou bem a sua menina. Menina? Qual menina? Tinha ali ao seu lado uma mulher, de 21 anos, bonita, inteligente, humilde. 

- "Tudo vai ficar bem, mãe...", segredou Laurinha ao ouvido de Isabel

 - "Eu sei que sim, filha", e sorriu-lhe.

E o sol, que se mantera escondido, espreitou entre as nuvens.

- "Um sinal divino", pensou Isabel em voz alta.

Laurinha, riu-se e fez-lhe uma careta:

- "Divina sou eu, vamos lá para casa que hoje eu cozinho".

No autocarro para casa, Laurinha, deu o seu lugar a um velhinho dono de uns lindos olhos azuis e uns cabelos cor da neve bem penteados.

Isabel, comovida, limpou uma lágrima. Estava orgulhosa da filha que criara. Sentiu-se a mulher mais feliz do mundo.

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28
Jan18

Puzzle

Inês Aroso

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Às vezes, o  problema não é encontrar a peça que falta. É saber onde ela está e não poder ir buscá-la.

 

(28/01/2012)

25
Jan18

Ana e Tiago

Inês Aroso

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Nessa tarde, pararam em Monsanto para desanuviar. Tinham passado a manhã inteira enclausurados num daqueles edifícios modernos, labirínticos e claustrofóbicos de Lisboa. Era mais uma formação que nada trazia de novo, mas eram obrigados a ir.

- "Como achas que vai ser quando formos para cama?", perguntou-lhe Tiago.

- "Mas que raio de pergunta é essa? Vai ser bom!", riu-se Ana.

- "Não é isso... Vai ser calmo? Vai ser romântico? Vai ser à bruta?", insistiu.

- "Lamechas não vai ser certeza...", retorquiu. 

Ana desviou o assunto, as imagens que lhe passavam pela cabeça invadiam-lhe o corpo. Sentia o coração a pulsar por todas as zonas onde o imaginava a tocar-lhe.

No fundo, os dois sabiam que nunca poderiam passar das palavras aos actos. A história deles era tão confusa ou tão simples como isso: viviam desencontrados. Estiveram nos sítios certos às horas erradas, fizeram as coisas erradas com as pessoas certas, tinham tudo para não se falar e eram bons amigos...

Às vezes entravam num jogo perigoso, mas inevitável. Ela era impulsiva. Ele mais controlado. Ele provocava-a. Ela fingia indiferença. Ela insinuava-se. Ele resistia. Ele tinha um humor corrosivo. Ela ria-se sozinha às gargalhadas. 

Anos depois, a vida trocou-lhes as certezas e convicções. Foram colocados no mesmo hotel, na convenção de farmacêuticos em que participavam, em Madrid. A barreira de distância que os protegia estava quebrada... Tiago trabalhava numa empresa na Suiça, Ana morava em Braga. Isto sempre os protegera da impetuosidade.

Ficaram contentes por se encontrarem. De vez em quando, viam-se em locais públicos, por causa do trabalho. Estarem os dois, no mesmo hotel era uma estreia e parecia-lhes perigoso. Falaram de trivialidades, recordaram alguns momentos e decidiram ir jantar juntos, mesmo lá no hotel, para continuarem a conversa. Sempre foram confidentes um do outro e era um bom momento para porem as novidades em dia.

Ao fim da segunda garrafa de vinho, Ana começou a insinuar-se a Tiago. Era mais forte do que ela, não conseguia evitar. Mas sabia que ele resistia, por isso era uma brincadeira inconsequente.

- "Tu não podes mesmo beber... Ficas do piorio... Acho que vou ter que te acompanhar ao quarto", disse condescendente.

- "É mesmo isso que eu quero...", riu-se Ana, simulando que retirava a alça do vestido.

Subiram no elevador. Estavam ambos no oitavo piso. Ela agarrava-se a ele a fingir que se apoiava... Quando ele sentia que ela estava a tentar provocá-lo, afastava-a com uma firmeza delicada:

- "Tem juízo, mulher... Nós não vamos fazer nada"

Ana sorria... Sabia que ele não a queria afastar. Sentia o corpo dele a desejá-la. E isso bastava-lhe, por uns segundos.

- "Chegamos, o meu é o 809, podes ir embora descansado, mas ficavas melhor aqui", riu-se, à espera da reprimenda carinhosa com que ele sempre respondia às suas investidas.

- "Não me provoques mais, Ana... Estou no meu limite", e passou-lhe a mão pelo pescoço.

Ela aproveitou a trégua e pegou na mão dele. Desviou-a para baixo, pelo decote do vestido... Sabia que era um dos seus trunfos, ele sempre lhe dissera isso. Ele agarrou-a com a outra mão, para a afastar, mas sentia-se explodir, encostou-a à parede e subiu-lhe o vestido sofregamente, sentiu-lhe as ancas e aproximou-a dele. Ela gemeu de prazer e sussurrou: "É melhor... é melhor... abrimos a porta do quarto". Riram-se.

Estavam ali, no corredor. Não faziam ideia se alguém tinha visto, mas pouco lhes importava. Depois de duas ou três tentativas lá conseguiram abrir a porta. Ana achava que Tiago ia aproveitar aquela pausa para voltar a ser o homem sensato que não deixava as coisas avançarem.

- "Vai lá para o teu quarto, amanhã a conferência é às 9 horas", disse Ana, enquanto se descalçava e retirava os brincos.

Mas Tiago fartara-se de ser politicamente correto. Era certo que não queria estragar aquela amizade de anos. Era certo que não lhe podia prometer nada. Era certo que as coisas entre eles nunca poderiam dar certo numa relação convencional. Mas desejava-a. Sempre desejara... Mas naquela noite mais do que nunca. E se havia um momento para as coisas acontecerem, o momento era aquele.

- "Não digas asneiras, vem cá...", disse, com firmeza, e agarrou-a.

Ambos estava ávidos um do outro. Mas queriam aproveitar cada segundo daquele momento que provavelmente nunca se repetiria. E viveram-no assim. Primeiro ele, descobriu cada recanto do corpo de Ana, que estremecia de prazer, sem qualquer pudor ou preconceito. Em cada toque. Em cada entrega. Depois Ana percorreu o corpo de Tiago, com as mãos, com os lábios, com a língua. O gozo dele era evidente e cada vez mais protuberante. Chamava por ela. E ela abria-se numa fenda húmida para o receber. Tinham sede de experimentar uma e outra coisa. Um e outro encaixe. Terminaram exaustos, de cansaço e de desejo, quando ela o recebeu de joelhos e cedeu. 

Os seus corpos ofegantes e suados, enrolados nos lençóis, eram um cenário improvável para ambos. Ana olhava o tecto, pensativa e sentia necessidade de dizer algo:

 - "Lembras-te eu disse que seria bom se acontecesse..."

- "E tinhas dito que não seria lamechas e estamos de mãos dadas, como dois palermas"

Riram-se. Ambos tinham razão. 

- "E amanhã, miúda?", perguntou Tiago.

- "Amanhã, logo se vê, não te preocupes, já não tenho 20 anos"

- "Eu sei, nota-se".

E riram novamente.

O humor, sempre o humor, os tornara tão cúmplices. E foi o amor anti-burocrático que sentiam um pelo outro, além do humor, que permitiu que continuassem apenas (e tão) bons amigos na manhã seguinte e nos dias, semanas, meses e anos próximos. Sempre cúmplices. Num mundo só deles.  

24
Jan18

João e Luísa

Inês Aroso

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A manhã frio de inverno convida-os a entrar no único café que vislumbram durante a longa viagem.

São os primeiros a chegar... O empregado alinha os jornais, arruma as chávenas e disfarça a cara ensonada com um sorriso. 

Há uma lareira na sala. Quadros antigos. Paredes que devem ter tido várias cores. Sofás quem devem contar histórias de várias gerações. Da janela vê-se o frio lá fora. Há algo de cinematográfico em todo aquele cenário. A banda sonora é o som da lenha a crepitar. 

Sentam-se num sofá que tem tanto de gasto como de confortável. Pedem bebidas quentes que lhes aquecem as mãos nas chávenas grandes. E as conversas aquecem-lhes os corações. Conversam sobre tudo. Sobre ideias. Sobre sonhos. Sobre as façanhas dos filhos.

Ele não lhe conta tudo. Desvia o olhar para o corpo dela, que adivinhava por debaixo da roupa fria de inverno. Imagina as mãos dele no corpo dela, lentamente, saboreando cada recanto.

Ela também não lhe conta tudo. Gosta de sentir o olhar dele. Nos olhos dela. No corpo dela. Aquele olhar, até ao fim dos dias, não o esqueceria.

O tempo passa, mas não querem ir embora. Querem ficar ali, parar os relógios e o mundo lá fora. Ou irem para casa dele. Ou irem para casa dela. 

Decidem ir embora. Aquele não é um daqueles com filmes com finais previsíveis. Cada um vai para a sua casa. Sozinhos. Não se querem magoar. Ambos saíram de relações amorosas muito complicadas e temem arriscar. 

Conseguem manter a amizade. Ambos refazem a vida sentimental. Com amores terrenos. Não com paixões etéreas e avassaladoras. Esbarram-se nas viagens de trabalho, de vez em quando, mas evitam estar juntos a sós. 

Luísa ainda sonha com o olhar de João. João ainda sonha com o sorriso de Luísa. Nos dias maus, lembram-se da lareira, do calor, daquele momento perfeito que a vida real permite replicar vezes sem conta. E quer um quer outro são bons nesssa coisa da imaginação.

Por vezes, imaginam um final diferente. Mas será que queriam outro final para aquela história? Na verdade, não. Há algo de muito mágico numa paixão que não se concretiza. Algo chamado perfeição.

23
Jan18

Luto vazio

Inês Aroso

Queria seguir em frente.

Esquecer as injustiças.

A maldade e insídia dos actos.

Olhar para o futuro.

 

Queria perdoar.

Mas é difícil sem perceber os motivos.

Não consigo entender as razões.

Merecia uma simples explicação.

 

Queria fazer o luto.

Mas arrancaram-nos um bocado.

A mim e aos meus

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.

E dói-me muito, por mim e por eles.

 

Os diletantes prosseguem. 

Desfilam em terra queimada e brilham!

Adornam-se com os despojos alheios.

Só assim ocultam as almas vazias.  

 

Queria fazer o luto.

Queria perdoar.

Queria seguir em frente.

Mas só me resta a dor do vazio.

 

20
Jan18

Poema atmosférico

Inês Aroso

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Ela era uma nuvem. 

Caminhava numa nuvem. 

Pensava numa nuvem. 

Por vezes, escondia o sol.

 

Ele era um sol.

Brilhava como o sol.

Via tudo com clareza.

Por vezes, apagava a nuvem.

 

Esperavam pela noite.

A magia acontecia. 

Eram iguais, afinal.

Beijavam as estrelas.

 

19
Jan18

A pedra

Inês Aroso

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- "Serei sempre a tua pedra no sapato", ironizou Raul, antes de se despedirem.

Sofia respirou fundo e respondeu-lhe: 

- "Que presunção. Nem pensar, não sou mulher de guardar pedras no sapato".

Raul (quase) tinha razão. A pedra andava algures por lá, Sofia sentia-a. Não no sapato. No coração, no ventre, nos olhos, na cabeça, nos ouvidos, nas mãos... 

Certo dia, no trabalho, Sofia sentiu dores fortíssimas abdominais. Foi parar ao hospital. Do alto da sua bata branca, o médico diz-lhe:

- "Tem uma pedra enorme no rim... Isto não vai sair facilmente, é melhor nem mexer... As dores que sentiu foi de alguma areia que se soltou".

Sofia riu-se às gargalhadas. O médico encolheu os ombros e olhou de soslaio para a enfermeira. Seria um efeito da morfina que lhe deram para as dores? 

- "Descanse, vai ficar tudo bem, beba muita água", remata, condescendente.

Quando ia pegar no copo de água, ao lado da cama, Sofia vê o telemóvel.

Escreve uma mensagem a Raul:

- "Tinhas razão... Serás sempre a minha pedra no sapato... E se for tão grande e doer tanto como a do rim, vou demorar muito a esquecer-te."

Apaga a mensagem. Bebe um copo de água. A enfermeira dá-lhe algo que a faz adormecer suavemente.

E sonha. Com uma praia. Cheiro a mar. Brilho de sol. Junto às ondas, uma pedra. Olha fixamente. Não vale a pena atirar a pedra para o mar, ela regressa. Não vale a pena ignorar a pedra, ainda tropeça. Não vale a pena ficar a olhar para ela, o mar leva-a. Guarda a pedra no bolso. E aprende a caminhar com ela.

18
Jan18

Vicky e Alice

Inês Aroso

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Despediram-se no aeroporto. Seriam umas semanas, uns meses. Mas voltariam a encontrar-se. Madrid, Barcelona, Lisboa, Porto, Paris... O destino não interessava, sabiam que se iam encontrar em breve. Uma amizade assim não acabava ali.

Mas Alice sentiu uma dor estranha quando finalmente entrou no carro, agora sozinha. Algo lhe dizia que não a iria ver mais. Ou que algo de muito forte teria terminado ali. A sensação de perda fê-la desatar num pranto. Primeiro umas lágrimas, depois um choro compulsivo. Era só uma despedida passageira. Não havia nada de racional naquela tristeza materializada num enxurrada de lágrimas. Ligou a Paulo. Ele era um amigo em comum e por certo a iria compreender. Estaria a sentir o mesmo. Trocaram recordações. Combinaram que em breve todos se encontrariam. E o coração de Alice acalmou.

Passaram dez anos. Vicky continuava a ser quem sempre fora. Alice continuava a não ser o que queria ser. Nunca mais se encontraram. Planearam, Madrid. Alice, falhou. Planearam Barcelona, Alice falhou. Adiaram, quase sempre pela vida de Alice. O trabalho, os filhos, a família, o medo de viajar sozinha. Por vezes falavam, nas redes sociais, num ou outro telefonema. 

A amizade de Alice e Vicky era das coisas mais imprevisíveis no universo. Vicky era livre como um pássaro, vivia intensamente, amava sem medos, mergulhava no mar gelado e comia massa com atum de madrugada. Alice era sonhadora, apaixonada, tímida e raramente quebrava as regras. Mas uma e outra tinham uma amizade para lá de qualquer entendimento. Vicky despertava o lado mais alegre de Alice e Alice despertava o lado mais calmo de Vicky.

Chegara o dia do reencontro. Em Lisboa. Junto ao Tejo. Alice tremia, não com medo, mas com a emoção de rever e abraçar a amiga. Ela estava ali mesmo. A ver o rio. De mãos nos bolsos. Os longos cabelos negros esvoçavam soltos ao vento. Livres como Vicky. Quando se olharam, perceberam: nada mudara! A gargalhada de Vicky, de que Alice se lembrava, sempre que pensara na amiga, todos aqueles anos. O sorriso tímido e os disparates de Alice, dos quais Vicky nunca se esquecera.

E tudo começara com uma simples mensagem: "Vem a Lisboa, Vicky. Preciso encontrar-te e reencontrar-me". E Vicky foi. E tudo fez sentido. Porque Alice sabia que precisava estar com Vicky para ter forças para finalmente ser quem sempre queria ter sido: ela mesma.

 

16
Jan18

Menina do meu abraço

Inês Aroso

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Nem sempre te mostro as minhas incertezas.

Gosto que me aches um castelo.

Que penses que nos meus braços tens duas fortalezas.

Que te protegem do mundo que não é assim tão belo.

 

"Abraça-me", peço-te eu.

Tu abraças-me e eu fecho os olhos.

Sinto que o teu abraço cresceu.

Já não és a menina de vestido de folhos.

 

Já te peço conselhos, às vezes até ouço um sermão.

Ensinas-me a não me esquecer de sonhar.

Ainda gostas de me fazer voar pela tua imaginação.

E é sempre por ti que tenho forças para lutar.

15
Jan18

Do fim da história

Inês Aroso

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Conta-me a nossa história.

Não comeces pelo início.

Conta-me como acaba.

Deixa o melhor para o fim.

 

A última dança, já não sabemos quando foi.

O beijo terno no sofá.

Os nossos olhares trocam memórias. 

Afagas a minha lágrima no teu rosto.

 

A primeira dança, ainda guardo a fotografia.

O beijo tímido no banco do jardim.

Os nossos olhares com sonhos.

Recebes o meu sorriso na tua boca.

 

 

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